Greg Dees, conhecido como o “Pai da Educação para o Empreendedorismo Social”, acredita que a educação para o empreendedorismo social deve combinar teoria e prática para desenvolver uma série de competências sociais.
Este autor sugere atividades como:
– Exercícios de “role-playing” (técnica de metodologias ativas em que alguém desempenha um papel pré-estabelecido) dos estudantes com organizações “clientes” pré-selecionadas de forma a ser garantido um comentário franco e sincero por parte das mesmas.
– Observação de encontros com a comunidade e elaboração de relatórios sobre as dinâmicas estabelecidas.
– Técnicas de “shadowing” (técnica de metodologias ativas que consiste em seguir um indivíduo observado como uma sombra, sem que essa observação seja participativa) de um empreendedor social durante um período de vários meses para compreender alguns dos desafios do dia-a-dia, ou trabalhar com empreendimentos sociais para trabalhar em “problemas do mundo real”.
– A presença de um convidado na sala de aula para partilhar a sua experiência e a complexidade: o que resulta e o que não resulta.
– Entrevistas com diferentes “stakeholders” (diferentes partes interessadas numa mesma questão) para entender como eles definem a sua própria situação e como eles entendem a necessidade de mudança.
Dees sublinha a necessidade de vivenciar experiências autênticas e envolventes na aprendizagem do empreendedorismo social, e não apenas de se passar algumas horas a ajudar uma instituição da comunidade.
Este autor acredita que deve haver uma diferença no ensino destinado a futuros empresários, no sentido mais tradicional do termo, ou a empreendedores sociais. Ele argumenta que as escolas de negócios (“business schools”) não são necessariamente o melhor lugar para a educação para o empreendedorismo social. As escolas de negócios, de acordo com Dees, são boas a ensinar como atrair capital e construir organizações de maneira lógica e linear. Os alunos são incentivados a resolver problemas de forma confiante e assertiva.
No entanto, quando se trata de lidar com uma comunidade com necessidades, muitas vezes confiança pode parecer arrogância. Os problemas sociais não são, a maior parte das vezes, “lineares” e as soluções são multi-disciplinares. Na verdade, Dees descreve-os como um “jogo de muitos jogadores com fatores ambientais muito complexos” e com alterações das condições políticas e económicas. O autor afirma que o empreendedorismo social envolve desafios emocionais. Construir relações de confiança com membros de grupos vulneráveis e a experienciar situações complexas pode levar algum tempo e para se fazer um trabalho bem “é necessário um alto grau de inteligência emocional”. Dees acredita que as escolas de negócios (“business schools”) não são tão boas no entendimento do como provocar a mudança social.
Este autor diz-nos que gostaria de ver o empreendedorismo social incorporado numa grande diversidade de disciplinas, acreditando que soluções técnicas podem ser combinadas com planos de mudança, quer ao nível do negócio, quer ao nível social, para resolver problemas sociais.
Já pensou no que colocaria no curriculum de um curso de ensino superior para promover o empreendedorismo e a inovação social?
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Bibliografia:
Worsham, E. (2012) Reflections and Insights on Teaching Social Entrepreneurship: An Interview with Greg Dees. Academy of Management Learning and Education. Vol 11. No. 3 443-452
(traduzido do blog em língua inglesa do mesmo projeto)
La Salete Coelho e Miguel Filipe Silva