Conferência: Global Justice through Global Citizenship

By | November 27, 2013

Participei, na semana passada, na conferência “Global Justice through Global Citizenship” (“Justiça Global através da Cidadania Global”).

Esta conferência, organizada pelo grupo de Educação para o Desenvolvimento (DARE Forum – Development Awareness Raising and Education Forum) do CONCORD (Plataforma Europeia das Organizações Não Governamentais) insere-se no programa DEEEP – Developing Europeans’ Engagement for the Eradication of Global Poverty, financiado pela União Europeia.

Tendo decorrido em Bruxelas, esta conferência juntou cerca de 200 participantes envolvidos nas práticas e no estudo da Educação para o Desenvolvimento (ou da Cidadania Global), na Europa e no Mundo.

Organizada com base em dois tipos de formato, o encontro teve momentos de plenário, com conferencistas convidados, e momentos de oficinas. Durantes estes momentos, eram oferecidas  5 ou 6 oficinas simultâneas, sendo que cada participante poderia selecionar as temáticas que mais lhe interessassem.

Gostaria de salientar alguns dos conferencistas que mais me marcaram:

– Matt Baillie Smith, da Universidade de Northumbria, que alertou para as “novas paisagens do desenvolvimento e os seus novos paradigmas”;

– Jethro Pettit, da Universidade de Sussex, que analisou o poder dos cidadãos no desenho dos modelos de desenvolvimento e no combate às desigualdades e injustiças;

– Nelida Cespedes, do Conselho de Educação Popular na América Latina e Caraíbas, que nos trouxe a herança, sempre inovadora, do pedagogo Paulo Freire e de uma educação libertadora e não apenas reprodutora do sistema;

– John Hilary, diretor da organização “War on Want” de combate à pobreza, que se propõe a enfrentar os grandes desafios do mundo global, apelando à intervenção política de cada cidadão, de forma comprometida.

No âmbito da minha última investigação, estive presente a dinamizar a Oficina: “Erguer Pontes, Tecer Futuros e Construir Alternativas: a Economia Social e Solidária como prática(s) de Educação para o Desenvolvimento (ED)”. Este workshop foi  pensado como um espaço de reflexão sobre as relações existentes entre a Cidadania Global (caraterizada por uma análise crítica do mundo, a procura de alternativas e a participação na sua construção) e as práticas de Economia Social e Solidária (ESS), num contexto de uma globalização enquanto pensamento hegemónico.

Partindo das teorias de Boaventura de Sousa Santos sobre a Sociologia das Ausências e a Sociologia das Emergências, tentei estabelecer pontes entre a ED e a ESS, primeiro, através da literatura e dos autores que escrevem sobre cada uma das áreas e, em segundo lugar, através de um estudo de caso realizado numa Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) portuguesa que cruza as duas temáticas nos seus projetos.

Penso que a oficina foi produtiva e permitiu a reflexão sobre estas questões – de que forma se relacionam a ESS com a Cidadania Global? E como estão estas em contacto com a Justiça Global? As respostas foram muito interessantes e penso que trouxeram alguma luz sobre conexões que, à partida, não seriam óbvias para todos os participantes.

No final, alguns intervenientes saudaram a proposta de trazer as questões económicas para um encontro sobre Cidadania e Justiça, afirmando que esses temas são, cada vez mais, uma inevitabilidade, uma vez que, no momento presente, as questões políticas e sociais estão, cada vez mais, subjugadas ao poder económico.

Avalio a conferência com uma nota muito positiva, uma vez que, para além da riqueza dos oradores e dos momentos de partilha das Oficinas, permitiu também a existência de momentos informais, de conhecimento mútuo dos participantes, o que é sempre uma mais valia para parcerias futuras.

Se quiser saber mais sobre a conferência (programa, biografia dos conferencistas, temas das Oficinas, etc.), visite o site http://www.deeep.org/european-research-conference.html

Acreditamos, de facto, que não há espaço para uma Justiça Global, se não houver uma Economia Justa, e que esta não se consegue sem uma participação ativa dos cidadãos!

Boa semana,

La Salete Coelho